Ciúmes
O Ciúme é prova de amor? Na realidade não é. Não há relação entre a intensidade sentimental e a intensidade do ciúme. Existem algumas pessoas que até amam pouco, amam mal, são os tipos mais egoístas, mais estourados, os mais inseguros, mais incompetentes em relação à tolerância a frustração, costumam ser as pessoas menos confiáveis, e curiosamente, são os mais ciumentos.
Então parece que eles assumem ou supõem que seu parceiro vai agir ou vai funcionar da mesma maneira que eles eventualmente poderiam fazer. Quer dizer, não confiam no discernimento, nos freios morais da pessoa com a qual eles estão se envolvendo.
Na realidade, existem dois tipos de ciúme, por isso que, talvez a palavra certa seja ciúmes. Existe um ciúme de natureza basicamente sexual, que é esse que tem relação com o medo de perder o parceiro para um outro parceiro sexual, ou seja, que o indivíduo possa ser trocado, ciúme que implica em risco de rejeição, implica, portanto em sofrimento muito grande e forte tendência controladora daquele que é o mais ciumento.
Ele tenta dominar, controlar, tentar saber tudo sobre o outro, às vezes com condicionamentos parecidos com o Sherlock Homes, e tentar controlar todas as variáveis e todas as nuances do comportamento do outro, mapear a sua vida e sua conduta, tentando evitar essa dor terrível que é a dor da rejeição e a humilhação de ser trocado. Que evidentemente é muito desagradável mesmo. Este é o ciúme claramente sexual.
Mas existe um outro, tão importante quanto esse, que é o ciúme sentimental. Aquele que se manifesta sem risco de perda, quer dizer, duas pessoas que tem uma relação afetiva muito intensa costumam ter ciúme, por exemplo, do próprio filho. Casais que se dão muito bem, às vezes tem dificuldade de lidar com o filho. Pois se um dos dois for mais apegado ao filho do que o outro, aquele que fica meio de fora da relação tão intensa pode se sentir enciumado, nestes triângulos sentimentais da infância é que se basearam as primeiras idéias de Freud para a constituição da própria psicanálise.
O ciúme sentimental não envolve risco de perda, o indivíduo pode morrer de ciúme de sua esposa, ou namorada com a mãe dela, com algum irmão muito querido, ou seja, sempre esse ciúme é em relação a algum outro individuo muito querido que definitivamente não tem com o risco de perda, mas a sensação de exclusão, de não ser em algum momento a figura numero um na vida do outro, todo individuo que é muito intensamente ligado sentimentalmente, sempre quer ser a prioridade, no mínimo o número um. Se pudesse, ser um, dois, três melhor, do quarto em diante tudo bem que existam outras pessoas, mas esse gosto de não ser excluído de jeito nenhum da prioridade da pessoa amada, acaba por definir assim um ciúme.
Mas é um ciúme que não envolve possessividade, só envolve desconforto, irritação, tristeza, revolta e muitas vezes algumas retaliações que tem que se manifestar sempre de forma sutil, pois o individuo não tem muita razão para manifestar ciúme. Como por exemplo, da moça com a mãe dela, e assim por diante. Mas o ciúme se manifesta da mesma maneira e às vezes de um modo muito intenso.
Então os ciúmes existem múltiplos, e não obrigatoriamente só com o risco de perder e não é prova de amor, e sim prova de insegurança ou de um tipo de exigência excessivamente exclusiva que se manifesta nas relações muito intensas.
Comentário (1)
Adorei o final da matéria.Eu assumosou ciumenta muito
Adorei o final da matéria.E assumo:sou muito ciumeta,principalmente com minha mãe,com meu novo namorado,fuço no face quem ele add,quando entra no MSN e não avisa!E também não é medo de perda e sim imaturidade!A minha recomendou que fizesse terapia.Será que isso se manifesta por ser filha única?